Sancionada em março de 1998, a Lei Pelé institui normas para diversos assuntos referentes à condução do esporte no Brasil.
Além de ter um papel importante na proteção e regulamentação das atividades esportivas profissionais, a Lei Pelé impacta a carreira dos atletas e reproduz a importância da participação do Brasil no mercado esportivo.
Mas, você sabe o que diz a Lei Pelé e como ela impacta atletas e clubes? Leia nosso artigo até o final para aprender tudo sobre essa lei!
O que diz a Lei Pelé?
De forma simples, a Lei Pelé determina normas e diretrizes para a condução do esporte no território brasileiro.
A lei trata de assuntos que vão desde o contrato de trabalho do atleta profissional até repasses de recursos e controle de dopagem (doping).
Apesar de apresentar maior incidência na prática do futebol, a Lei Pelé possui ampla aplicação em todas as modalidades esportivas desenvolvidas no Brasil.
Além disso, em sua redação, a lei define as categorias de esporte, das quais falaremos mais adiante.
Os principais tópicos cobertos pela atual redação da Lei Pelé são:
- Os princípios fundamentais do esporte;
- O funcionamento do Sistema Brasileiro do Desporto;
- A prática desportiva profissional;
- Disciplina o controle de dopagem, ou doping;
- A Justiça Desportiva.
Atualmente, a Lei Pelé ainda gera alguns debates e polêmicas, que devem ser usados como base para discussões, alterações e novas redações ao longo dos próximos anos.
Por esse motivo, é aconselhável manter-se atualizado sobre o teor da lei, já que ainda há a probabilidade da norma passar por muitas modificações.
Visto que o objetivo principal da Lei Pelé é garantir a segurança jurídica e o desenvolvimento de uma carreira de sucesso, é fundamental que, tanto o jogador quanto seu empresário, estejam atentos aos dispositivos em vigor.
Assim, garante-se o total entendimento sobre a legislação e a adoção das melhores estratégias.
Quais são os objetivos da Lei Pelé?
Como dissemos anteriormente, a Lei Pelé tem como principal objetivo garantir segurança jurídica para o atleta profissional.
Outros objetivos da lei são:
- Dar transparência e profissionalismo ao esporte;
- Conceder aos jogadores o direito do seu passe;
- Disciplinar a prestação de contas por dirigentes;
- Profissionalizar as gestões.
Além disso, a Lei Pelé também teve como objetivo substituir a Lei Zico (Lei nº8.672/93), que era apenas sugestiva, por uma lei mandatória.
Ou seja, enquanto a Lei Zico apresentava diretrizes brandas, possibilitando ao mercado segui-las ou não, a Lei Pelé obriga que todos os interessados sigam suas normas à risca.
Quais são as principais categorias de esporte definidas pela Lei Pelé?
O atual texto da Lei Pelé classifica o esporte em quatro categorias diferentes:
- Desporto educacional;
- Desporto de participação;
- Desporto de rendimento;
- Desporto de formação.
As definições de cada uma dessas categorias são dadas tanto pela Lei Pelé quanto pelo decreto que a regulamenta.
Confira cada uma das definições a seguir:
1. Desporto Educacional
O desporto educacional tem como objetivo proporcionar o desenvolvimento total da pessoa, da formação para o exercício da cidadania, além da prática do lazer.
Assim, o desporto educacional pode ou não ser praticado em estabelecimentos escolares.
Nesta categoria, desencoraja-se que haja competitividade excessiva e distinção entre os participantes.
Além disso, o desporto educacional é considerado tão importante que a nossa Constituição determina que, em matéria desportiva, ele tenha prioridade na distribuição dos recursos públicos.
2. Desporto de participação
A Lei Pelé define o desporto de participação como sendo aquele praticado de forma livre pelas pessoas, sem regras oficiais a serem seguidas. As brincadeiras infantis são exemplos de desportos de participação.
Os objetivos principais do desporto de participação possuem maior apelo social. São eles:
- Contribuir para a integração dos praticantes na vida social;
- Proporcionar saúde;
- Promover a educação;
- Estimular a preservação do meio ambiente.
3. Desporto de rendimento
No caso do desporto de rendimento, a categoria contempla todas as modalidades esportivas praticadas com objetivo de competição e obtenção de resultados.
Além disso, os esportes agrupados sob esta categoria são, necessariamente, regulados por regras nacionais e internacionais.
O desporto de rendimento pode ser praticado tanto de maneira profissional, quanto amadora, que é quando o atleta não tem o esporte como profissão.
As modalidades disputadas nos Jogos Olímpicos, como o futebol e o atletismo, são bons exemplos de desportos de rendimento.
4. Desporto de formação
O desporto de formação é definido pela Lei Pelé como sendo caracterizado pelas situações nas quais o atleta adquire conhecimentos para aperfeiçoar sua capacidade técnica esportiva.
Por exemplo, quando alguém frequenta as escolinhas de futebol, o esporte praticado por esta pessoa é caracterizado como desporto de formação.
É importante ressaltar que também nesta categoria o esporte pode ser praticado com fins recreativos, e não apenas de interesse profissional e competitivo.
Quais os principais impactos da Lei Pelé para os atletas?
Uma das principais contribuições da Lei Pelé para o mercado esportivo foi encerrar a prática do “passe”. Prática esta que foi iniciada com a Lei 6.345/76 e mantida pela Lei Zico.
Vejamos, em detalhes, estas e outras mudanças principais introduzidas pela Lei Pelé:
1. O fim do “passe”
Antes do surgimento da Lei Pelé, a Lei 6.345/76 determinava que, mesmo após o fim do vínculo contratual, o atleta ainda estaria ligado ao clube contratante.
Para que o atleta pudesse ser contratado por outro clube, o novo contratante deveria pagar ao anterior uma quantia, que ficou conhecida como passe.
Assim, o passe significava a sobrevivência da ligação do atleta com o clube, mesmo após o fim da sua relação contratual.
Enquanto não surgisse um clube que aceitasse pagar o valor do passe, o atleta ficava completamente impedido de atuar dentro da sua profissão.
Na Lei Pelé, o passe foi substituído pela inclusão obrigatória de cláusulas penais nos contratos de trabalho.
Além disso, a lei também define que, depois de dois anos, o jogador deixa de ser propriedade do clube.
Entre as mudanças da Lei Pelé, dentro deste tema, estão a criação da cláusula indenizatória desportiva e da cláusula compensatória desportiva.
2. Criação do clube-empresa
Originalmente, a Lei Pelé obrigava que os clubes fossem transformados em empresas (clubes-empresa) para a prática de atividades relacionadas a competições de atletas profissionais.
Após contestações dos próprios clubes, em 2000 essa transformação passou a ser facultativa.
Vale destacar que a maioria dos clubes de futebol brasileiros são constituídos como associações sem fins lucrativos, e teriam de se transformar em clubes-empresa caso a redação original tivesse sido mantida.
3. Atleta profissional
Dentro deste tema, a principal norma imposta pela Lei Pelé é a de que um atleta apenas pode se tornar um atleta profissional, a partir dos 16 anos.
Isso porque, o clube não tem autorização para registrar o contrato de jogadores com menos de 16 anos.
As demais normas instituídas pela Lei Pelé, no que diz respeito à contratação de atletas, foram:
- Proibição da participação de atletas não profissionais com idade superior a vinte anos em competições profissionais. Se o clube quiser usar um atleta com 20 anos ou mais, ele deve ser profissionalizado;
- Criação do contrato de aprendizagem, no qual o jogador pode receber, dos 14 anos aos 20 anos, auxílio financeiro (bolsa aprendizagem) sem gerar vínculo empregatício com o clube.
4. Direito de Arena
De forma simplificada, o direito de arena é a parcela da cota de TV negociada entre o clube e a emissora pelo direito de transmissão do jogo. A Lei Pelé define a taxa do direito de arena como sendo 5% do valor das cotas de TV.
Esse percentual deve ser pago aos sindicatos que representam os atletas. Assim, o sindicato irá garantir a distribuição igualitário do valor entre os que participaram da partida.
Além dos jogadores que entraram em campo, o direito de arena também é devido àqueles que permaneceram no banco de reservas durante toda a partida.
Outra obrigatoriedade é que os clubes devem pagar direito de imagem aos seus jogadores.
Tanto o direito de arena, quanto o pagamento pelo direito de imagem possuem caráter indenizatório e não trabalhista, não podendo ser incorporado ao salário pago.
Agora que você já sabe o que é a Lei Pelé e como ela pode afetar clubes e atletas, aproveite para compartilhar este conteúdo nas suas redes sociais e ajude mais pessoas a terem acesso a este conhecimento!
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